segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

um bukowski bucólico ou Seu Lunga em dia normal...

acordei reclamando da vida.
do filme ruim que não vi
(mas que erradamente suponho ser péssimo)
da distância.
da vida.
da sogra.
da jogo...
êta jogo ruim,meu Deus...
reclamo do vizinho.
da goteira.
da guitarra veja só...
-essa água pouca da cidade tem me incomodado.
e se fosse só isso?
é mais...
reclamo da nasa.
da china.
do Lula.
do polvo.
de peixe.
reclamo até dos versos do Drummond.
Drummond também era gente.
carne e osso.
reclamava...errava...
torcia;
reclamo eu também do juiz.
quem nunca o xingou?
xingou sua mãezinha?
que vida...

ahhhh...o futebol!

meu time não faz gol no clássico.
meu dente dói como o diabo.
meu riso quase se esvai.
amarelo.
eu não me comovo com dramas televisivos.
a arte abstrata no quadro de munch
(na replica barata que mantenho num lugar reservado)
quase grita comigo.
manchado de tinta
meu domingo parece outro dia que não este.
o dia do sol.
ah o dia do sol...
-nesses dias não se pensa besteira.
ou se pensa e se mede...
a besteira.
o tamanho da bobagem.
domingo tem beijo.
domingo tem jeito.
tem bebida.
tem coisas que no domingo ficam.
permanecem como um album velho.
fotos velhas num album velho (mas que te soa tão recente)
meu time não ganha,empata...
empate não é justo.
reclamar também,não...

não é do futebol que reclamo.
nem do domingo.
nem da chuva ou do sol.
ou da falta de gols do ataque tricolor.
nem tampouco dessa minha retórica mau-acabada.

estamos todos comemorando o dom de reclamar.
o hábito de mau-dizer.
eu não falo mau de ninguem.
escuto tanto!
reclamo do mar de coisas que nem me importo de verdade.
eu reclamo da tv.
do rádio.
do telefone.
do que quer que seja....
reclamar é participar ativamente da principal atividade humana.
é quase que como falar da vida alheia.
reclamar é viver...
meu pessimismo acorda comigo em dias como este...
e se vai para como uma gripe maldita...voltar como se sempre morasse escondido dentro de mim.

e mora....

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

desbunde

que pedaço de mundo chamo mais de meu?
parece ate que o mundo é meu.
é nada...
nem é meu nem é de ninguem.
nem é de deus...
esse sujeito que permanece oculto.
que insiste em ficar na moita.
sentindo e mandando.
milagres e maldições.
que pedaço de mundo ele guardou pra mim?

eu corro como um passaro.
de asa ferida.
com fracos pés no chão.
corro pra'onde?

esse pedaço de vida pequena.
tacanha.
essa cabeça-de-vento ja tem um quarto de século!
quem sabe tem mais três por ai...?

prosa doida...
doída...

não sei de nada.

tem muito feijão ainda pra comer.
muito chão ainda pra correr.
muito teto ainda pra cobrir.
muito á se fazer.
ver.
viver.
fraudar.
tem muito ainda pra costruir.
pra derrubar.
não sei de nada mesmo...
quem disse que eu sabia?

do desconhecido

há muita coisa.
muita coisa no mundo.
muito mundo.
muito tudo.
ha muito que desconheço nesse mundo.
tanto que nem ouso achar que é possivel desvendar todas as coisas.
saborear todas.
tocar tocar.
estar em todas.
os lugares são meus tanto quanto acho que são.
não.
mas o mundo se move de uma forma que desconheço.
que não acompanho.
que ignoro.
mundo grande da peste!
placa.
carro.
e casa.
tudo isso tem no mundo.
mais que gente.
mais que bicho.
o mundo ta cheio de bala.
bala de mascar.
bala de matar.
bala.
droga.
bala.

tenho sim,medo do desconhecido.
medo da morte.
medo do bandido.
medo de quem?
não conheco a esquina do mundo.
mas moro de favor onde o vento faz a curva.
delineando-se...
aracatendo-se (salvo o verbo recém criado)

há muito o que desvendar em olhos cotidianos.
em vidas paralelas.
em sonhos intermináveis...
ah êita que vontade forte de parar continuando....
eita mundo mergulhado em computador.
tenho medo de um simples e-mail.
de um recado de texto.
que vem do além.
de além compreenção.

tem coisa que não é pra entender...

se

devo aguentar calado o insulto do destino
a coragem é mihna.
portanto é também a covardia.
sou eu fugindo diariamente da sumária decisão.
se.
pronome pessoal reflexo.
particula passivadora.
que seja.
se.
eu entre tantas conexões.
escrevo
se...
se...
se...
devo ranger os dentes.
picotar a alma.
ser mesquinho.
aguentar as dores das incertezas
se o mundo não me der coragem?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

beatles song

parabens pra você nesta data querida...
muitas felicidades
muitos anos de vida...

dificil é dizer ao relógio.
ao acaso.
ao tempo.
ao vento.
dificil é dizer pra que esta distante.
decadas.
dias.
vidas.
é dificil desejar
ter.
viver.
e ser.

mas cantar é facinho.
comer é facil.
rezar baixinho.
pra ninguem ver.
papai noel.
papai-do-céu.
papai-ajuda.

conte ate cem.
cante ate mil.
coma feijão.
pão.
macarrão.

a vida passa como um avião colorido.
com faixa de congratulações.
é dificil sobreviver á tumultos tão particulares.
é dificil escapar ileso de dramas tão cotidianos.

o sinal quebrado na rua da esquina em nada atrapalha a vida do poeta.
o preço da carne no mercado também não.
nem a pedra no caminho do poeta o atrapalha.
a pedra fica.
a vida passa.
e logo....pedra e vida serão historia.
a pedra viva.
a vida lembrada.

como pode a pedra viver e a vida não?
a vida física.
a pedra física.

o mundo gira com mais pressa depois dos 20?
é um questionamento universal.
gira.
gira rápido.
carrossel.

parabens pro relógio que continua lá.
parabens pra pedra que continua lá.
parabens ao tempo que reina soberano acima de todas as coisas.
parabens aos corriqueiros.
aos apressados.
aos latifundiários.
aos pagãos.
aos orfãos do afeganistão.
ao menino que assiste sozinho um programa de domingo no japão.
parabens ao japão.
ao joão.
ao mundo que evolui.
ao Brasil que tem se tornado queridinho.
bom-vivant!

meu coração mudou.
esfriou.
esquentou.
esfriou novamente.
coração é bicho que sente...
e como é bom mantê-lo funcionando...
esquentou de novo...
e como um trem movido á vapor....segue...
com os seus 'tic-tacs'
com os seus 'boom,boom...'
batendo.
bombeando...perdoando..
e se curando.

sim,meu coração mudou.
sobrevivi.
minha vida ainda esta sendo escrita.
junto da sua.
e da sua.
e da sua..
junto desse mundo contemporâneo.
desse povo contemporâneo;
desse reino chamado Brasil.
Desse reino que chamo de meu.
que chamo de eu.

página.

a vida é como uma página.
uma corroida página em branco.
com dramas baratos.
e tragédias gregas.
novelas mexicanas.
folhetins.
a vida á como uma página velha.
é como um livro maluco
onde o escritor é o personagem,assim,ao mesmo tempo.
e vivendo e escrevendo e vivendo...
dia apos dia...
entra ano-sai-ano...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

paralelo de mim-mesmo.

Lá é melhor que aqui.
lá é melhor ficar.
lá é claro e calmo.
lá é bom de morar.
lá é quase esquizito.
lá so moram hermitões.
lá há vida em mosaicos.
lá há meninos-refrões.
lá há acordes dissonantes.
lá há solidão.
há deus numa nuvem bege.
há numa nuvem o cão.
há delays.
de leis.
foras-da-lei.
lá é melhor...
onde minha cabeça é raspada.
onde se emprestam beleza.
onde não cobram nada.
onde o mundo é individual.
indivisível...
corta uma linha imaginável.
um continente imaginável.
um mundo nem tão redondo assim...
seres ambulantes.
errantes.
cheios de pena e pluma.
homens-elefante.
cachorros-borboleta no quintal.
onde há mais flores.
mais rimas.
passarinho.
imponente e cantador.
sim...nessas terras tem palmeiras...
paralelo de mim-mesmo;

auto-destruição

eu que quero o que parece injusto;
quero voltar.
voltar á ser...
ser o que era.
cante!
cante!
cante!
levante a voz.
crie pra nós.
a guitarra crua.
a melodia limpida.
a cor do som.
a voz.
as vozes.
a escrita.
o medo atras da canção.
exposto á ela.
cru.

eu...até o final...
sem final...

a bomba.

ah mas o mundo tem rodado como piao nesses dias de chuva.
encontro,não vejo semei-o....detono.
o relogio esta errado.
errado estamos nós nesse tempo.
estou eu e meu enorme poder
sozinho..
cheio de talento virgem.
de florestas á desbravar.
tudo explode
tudo explode cá dentro.
esse peito jovem ja parece velho.
saturado de experiências fugazes.
eu era moço sim,sim senhor.
agora permaneço entre o pendulo do tempo
e a ampulheta universal.
o nada.
a espera.
o vácuo.
a bomba explode a cada dia
em tons
semi-tons...
e eu envolto á pasta escura,componho serenatas...
nesses dias de chuva....

afinal

quem sou nessa vida?

ver de perto

andem venham ver o louco de perto.
ele rosna
e sente fome.
alimentem o louco municipal.
entrem ele é normal como eu ou você.
ele também ressuscita.
anda na água.
bebe fogo.
bebe gás.
doidinho de pedra.
venham ver o louco com cabelos de fogo.
raspado á gilette.
cabeça de vento...

venham ver...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

crença.

eu teria motivos para acreditar em anjos?
eu com deuses louros.
com louros gregos.
com a religiosidade acomodada...
eu devo crer nos homens?
na bondade acima de tudo?
a minha maldade interior me condena;
chama-me de ingênuo.
cauteloso,moroso,dolorido.
não.
não creio em anjos.
nem em demônios...
creio em nós malditos anjos da terra.
demônios de um paraíso tropical.
diabinhos com suas perguntas maledicentes.
suas tramas....
seus engôdos...
somos nós os anjinhos tropicais.
não.
não creio em nada.
e como 'homem-sem-crença'que sou.
sigo agnósticamente como quem não quer seguir...
sorrindo do sarcasmo alheio.
sendo eu também pateta...
assim como todos vocês!
um conto que não escrevo.
o livro que não publico...
...o tempo passando vão...
a cidade anda devagar...
o povo anda com frio demais nessa época do ano.
ficam todos á suas calçadas á ver navios.
á falar de navios.
á naufragar-lhes as idéias.
afundem todos!
eu,não crei em nada...
com sua lingua felina os anjos tolos falam de orelha-em-orelha;
moldam informações
sabem de tudo.
tudo desconhecem...
ah,malditos anjos.
eu prefiro desenterrar bondade do coração do capeta
á desvendar maldade nos querubins
-e logo eles tão acima de quaisquer suspeitas-
eu creio que o homem paga e deve pela lingua.
e que só isso impede que sejamos totalmente francos.
francamente....até o silencio é incapaz de cifrar qualquer respeito.
escrever não basta.
ficar calado é inglório...é sabido.
pensar enlouquece...
ah anjos....por que eu?
creio que ainda tem lugar pra minha alma por ai a fora...
que mundo maluco...